Quem somos


O Mundo transforma-se a uma velocidade estonteante.

Mudou a forma como nos relacionamos, como aprendemos. Não deveria mudar também a forma como ensinamos? Que tipo de cidadãos precisamos de formar para fazer face a um futuro que desconhecemos?

São cada vez mais os professores, pais e alunos que colocam a si próprios estas questões, e sentem no seu dia-a-dia a necessidade de mudança.

Aqui ficam os seus manifestos e relatos de boas práticas...

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Manifesto Anti-Trabalhos Para Casa (Rita Alves)

Manisfesto Anti-Trabalhos Para Casa
Para começar este manifesto devo apresentar-me: sou “professora do 1º ciclo” e mãe de um Guerreiro de Voz Branca com 5 anos e que entrou este ano para o 1º ano.
Porquê este Manifesto? Porque quero deixar público o testemunho da minha posição Anti-Trabalhos Para Casa, enquanto “professora” (prefiro o termo Educador), mãe e cidadã.

Para que serve este Manifesto? Para soltar  a minha opinião, para saber a vossa, para agregar algumas vozes, para reflectir.
Os meus ex-alunos e ex-encarregados de educação já me criticaram, já me amaram e odiaram por causa da minha atitude em relação aos TPC. Até agora a minha posição era construída com base na minha identidade profissional, neste momento de vida, ela passa a ser coadjuvada com a identidade materna!
Qual o principal intuito de um Trabalho Para Casa?
Treino; consolidação; organização; elo de ligação entre a vida da escola e da família.
Manifesto-me
Manifesto-me contra os TPC que não constroem conhecimento, curiosidade, vontade de aprender.
Manifesto-me contra TPC no 1º ano de escolaridade para desenhar números ou letras. Dêem-nos desenhos para fazer, desafios e descobertas para que eu, mesmo em tempo de fim-de-semana, continue com vontade de ir à escola.
Manifesto-me contra os TPC que exigem a presença de um adulto ao lado da criança. Os TPC têm origem na sala de aula, quando chegam a casa os meus encarregados de educação perderam 8 horas de matéria, e todas as suas opiniões podem estar desadequadas em relação ao que me foi transmitido.
Manifesto-me contra um manual de TPC. A minha casa é diferente da vossa, e é impossível fazer sentido o mesmo trabalho para ti e para mim.

Manifesto-me contra os TPC que me desorganizem, que me gerem confusão, frustração.
Manifesto-me contra a quantidade de TPC. A menos que haja trabalho em atraso (e mesmo assim, deverá ser construído um espaço na aula para o fazer) a quantidade de TPC é assustadoramente anormal. Não quero sentir que me despejam matéria e eu depois que continue o trabalho em casa.
Manifesto-me contra TPC, a menos que estes possam construir uma boa relação com a minha casa e família. Exijam-me que me contem apenas uma história à noite, num sítio confortável, sem confusão e que estejamos verdadeiramente juntos e com Tempo.
Manifesto-me contra os TPC porque já cumpri, no mínimo, 8 horas de trabalho. Qualquer pessoa tem o sonho de sair do seu local de trabalho e desligar a sua mente do lado profissional. Quando levamos trabalho para casa ficamos irritados,  a achar que dois dias de folga não são nada e que não parámos. Porque me colocam nesta posição?
Manifesto-me contra tantos TPC e tantas outras Torturas Para Crianças de que os professores tanto gostam de aplicar, como que num gesto de competência académica, e que tantos pais gostam de receber para manter os seus filhos sossegados durante uma hora (pelo menos).
Manifesto-me contra os TPC. Na minha casa tenho de contar a história do meu dia (organização do pensamento, língua portuguesa, matemática, estudo meio, prazer, etc.); aprender a organizar os meus brinquedos (matemática, etc.); jogar jogos de tabuleiro (matemática, língua portuguesa, concentração, etc.); inventar novas brincadeiras (língua portuguesa, matemática, estudo do meio, expressões artísticas, expressão físico-motora); sentar-me ao colo da minha avó/tia/prima/mãe/pai/madrinha e pedir-lhe mimo (prazer, amor, etc.); passear o meu cão na rua (estudo do meio, expressão físico-motora, etc.); brincar livremente (aprender as regras da vida); tomar banho (aprender a cuidar de mim); arrumar o meu quarto (matemática, língua portuguesa, etc.); preparar a mesa para o jantar (matemática, etc.); participar nas conversas à mesa (prazer, amor, etc.); fazer a minha higiene antes de deitar (cuidar de mim, etc.); ouvir uma história antes de dormir (prazer, amor, literacia, língua portuguesa, etc.) e descansar. Não será tudo isto um verdadeiro Trabalho Para Casa?!
 

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